quinta-feira, 25 de março de 2010

O mundo de Anita

Hoje foi um início de dia difícil para Anita. Em sua cama, relutava com o amanhecer e a luz do novo dia que insistia em passar pelas ínfimas frestas da cortina, e ela pensou:
- Ainda troco esta cortina, coloco uma tres vezes maior e preta, totalmente preta. Não... melhor ainda, tampo esta janela e destruo o mundo lá fora.

É! mas o relógio carrasco com seus ponteiros inquietos jogaram Anita em sua rotina. Se arrastando pelos cômodos pos-se a organizar sua tumultuada e confusa ladainha: Coloca o gato pra fora. Recolhe as roupas. Põe a mesa. Tira a mesa. Higiene pessoal. Pinta um personagem na cara. As chaves, sempre elas... somem quando mais precisamos delas. Correria pois já está atrasada. Entra no carro. Arranca em busca dos minutos perdidos. Pára! Semáforo fechado e uma fila de carros na sua frente. Fazer o quê?

Aos poucos vai entrando no rítmo da cidade, sempre com um olho na direção e outro no relógio. Que vidinha sem graça. Fazer tudo como ontem, depois voltar pra casa, deitar dormir para acordar amanhã e começar tudo de novo.

É mas hoje é um dia um pouco diferente para Anita! Ela está mais melâncólica e se perde em seus pensamentos como se falasse ao analista:
"- Assim, hoje me encontro numa tristeza profunda, tão grande que corta a carne tão profunda que me rasga a alma. Não me perguntem porque, nem como, nem quando. Eu não sei explicar só sei que este fantasma não vai embora. Talvez quando for me leve com ele. Acho que se eu for, levarei comigo a maior parte da tristeza do mundo. É, isso dará excesso de bagagem. Mas quem se importa... Só não posso acreditar que esta tristeza toda é minha. É muito grande pra uma pessoa só. Não sei onde e nem como buscar o alívio. Sabe, alguns me pedem serenidade e paciência, mas isso é tudo que eu não tenho. Aliás eu não tenho muita coisa..."

O Sinal abriu a fila andou, é hora de limpar as lágrimas que borrou toda maquiagem e acelerar.

Anita segue e ao longo do dia procura tempo para ter pena de si mesma e quando consegue, chora. Talvez este seja o melhor remédio para quem corre o risco de tomar a decisão errada e descer deste mundo no ponto errado.

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